terça-feira, 3 de julho de 2007

Uma Sombra

A solidão me rodeia agora
Sinto o perfume das recordações,
o eco longínquo do tempo
perdido no ontem;
ouço o canto dos pássaros
e o murmúrio da fonte
que sussurra baixinho:
não adianta
não sabes que aquele
a quem procuras
dorme além do horizonte da vida
esquece! Diz o arvoredo
na piedosa voz de acentos verdes.
Não vês que o rubro de teus cabelos
Já esmaece no crepúsculo do sonho?
Não ouves a voz do mar
Que lentamente te chama
Para a eterna jornada?
Que esperas mais,
se a pálida lua já te prenuncia
o frio túmulo? Ouço tudo e me calo.
Calar? Sim! Que responder?
Acaso uma sombra pode
Contestar a verdade?
Sim! Uma sombra!
Sou uma sombra!
Sou aquela sombra errante.
Que vagueia em noites escuras
pela praias desertas!
Aquela sombra cinzenta
que a vida caprichosa
projetou no mundo dos homens!
Sou a sombra peregrina
que não tendo nada,
nem lar, nem amigos,
nem um nome sequer,
ousou desejar o Amor!
Sim, sou aquela sombra
Que ama e nunca foi amada!
Sou aquela sombra amarga,
Sou a sombra que passa
e passando tomou
o nome e o lar
de um alguém qualquer!
Sou a sombra intrusa,
orgulhosa e ferida,
que já foi menina,
moça e mulher!
Sou aquela sombra
Tristonha,
arrastando o desgosto,
a dor e os ais,
na lágrima parada,
gravada em meu rosto...
Desgosto de ser...
Uma sombra...
E nada mais!

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