segunda-feira, 22 de junho de 2009

Como serah no "Dia Difícil"?


Como será no “Dia Difícil”? por Paulo Victor....

E agora gostaria de dizer como meu sogro começa suas manhãs… Ele acorda cedo. Sempre. Levanta, faz o que precisa ser feito quando acorda e vai para a cozinha. Lá começa o segredo de um novo dia.
O café do Seu Valdir.
Metodicamente ele esquenta a água numa velha chaleira. Só se houve o barulho da água esquentando. O silêncio permite que este barulho se torne doce, afetivo… O ambiente fica impregnado de um clima de reflexão. É tudo feito no maior capricho. Tudo parece parar…
Meu sogro é muito sério e tem um bigode grosso. Seu rosto fica entre a paz e a dureza das marcas do tempo. Rugas formadas por muitas dores. A maior de todas tem haver com tempos de solidão, longe dos filhos e dos netos. Nessa hora ele franze a testa parecendo analisar que forças restaram para continuar.
Começa a coar o café. Nossa que cheiro! Até quem não gosta de café se surpreende com o aroma de casa de família feliz que brota daquele velho bule. Sim… Um velho bule numa sociedade de garrafas térmicas tão caras e sofisticadas. Sem falar nas máquinas de café frias e de café com gosto de saco plástico. Mas lá está o “Índio Véio”, o Rei do Rancho do “Ala Puxa”! O Valdir Pantaneiro e seu café.
O homem que recomeça a vida a cada dia. Só um detalhe: tudo isso ele faz no segredo das manhãs que ainda não aconteceram… Bem no limiar da madrugada e do amanhecer.
É o segredo do Seu Valdir, seu café em forma de oração há mais de quarenta e cinco anos.
E lembra do início da nossa conversa? Íamos falar de dias difíceis… Será que alguém começa algum dia difícil quando nas pequenas coisas coloca tanto amor?
“Ele lhe disse: Muito bem, servo bom; porque foste fiel nas coisas pequenas, receberás o governo de dez cidades.“ Lucas 19,17

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